quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Mensagem de Natal

MENSAGEM DO NATAL


"Gloria a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens".
O louvor celeste sintetiza, em três enunciados pequeninos, a plataforma do
Cristianismo inteiro.

Gloria a Deus nas Alturas, significando o imperativo de nossa consagração ao
Senhor Supremo, de todo o coração e de toda a alma.

Paz na Terra, traduzindo a fraternidade que nos compete incentivar,  com todas as criaturas.

Boa vontade para com os homens, definindo as nossas obrigações de serviço
espontâneo, uns a frente dos outros, no grande roteiro da Humanidade.

O Natal exprime renovação da alma e do mundo,
nas bases do Amor, da Solidariedade e do Trabalho.
Um Coração armado de Amor aberto a compreensão 
de todas as dores, ao encontro das almas.
Não amaldiçoa.
Não condena.
Não fere.

Cristo, na Manjedoura, representava o 
Pai na Terra.
Natal!
Gloria a Deus!
Paz na Terra!
Boa Vontade para com os Homens!
Se já podes ouvir a mensagem da Noite Inesquecível recorda que
A  Boa Vontade para com todas as criaturas é o nosso dever sempre.

Do livro: Segue-me

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER 
PELO ESPÍRITO DE EMMANUEL

domingo, 21 de setembro de 2014

PARTIR COM ELEGÂNCIA

Em 17 de abril de 1955,
Albert Einstein (1879-1955), o grande físico alemão, foi internado em decorrência da ruptura de um aneurisma da aorta abdominal. Anteriormente, em 1948, já havia sido operado por ameaça de problema semelhante. Fazia-se necessária nova cirurgia, com urgência, complicada e imprevisível, em face de sua idade, mas Einstein recusou-se, dizendo:
É de mau gosto ficar prolongando a vida artificialmente.
Eu fiz a minha parte, é hora de partir e vou fazê-lo com elegância.
Na manhã do dia seguinte desencarnou, aos 76 anos, após uma existência dedicada à Ciência, trabalhando sempre, até o último suspiro.
Interessante e sugestiva a expressão de Einstein: morrer com elegância.
O leitor perguntará se é possível ser elegante diante da grande ceifeira, já que as pessoas costumam agarrar-se com unhas e dentes à vida física, em bases de daqui não saio, daqui ninguém me tira.
Terminam por serem literalmente despejadas pela implacável senhora, que não dá a mínima para seus apelos, expulsando-as do corpo, a transformar-se numa casa em ruínas.
Lamentável essa inútil resistência, já que tudo o que o paciente conseguirá será prolongar a própria agonia.
Melhor, meu caro leitor, soltar-se, partir com elegância.
Na atualidade, os recursos da Medicina, extremamente sofisticados, podem prolongar a vida de um paciente terminal por dias, semanas e até meses, nas UTIs –Unidades de Terapia Intensiva.
Dificuldade para respirar?
Intubação.
Acúmulo de secreção, ameaçando sufocar o paciente?
Traqueostomia.
Não consegue comer?
Alimentação parenteral.
Rins paralisando?
Hemodiálise.
Coração fibrilando?
Eletrochoque.
Isso tudo torturando o paciente solitário na UTI, ambiente gelado, fios por todos os lados, tubos garganta adentro, dores no corpo pela imobilidade, escaras apontando, sensação de horror em momentos de despertar…Por que tal empenho, por que essa batalha inglória? Resposta simples: é para atender ao decantado respeito humano, que impõe um combate sem tréguas à indesejável senhora, mesmo sabendo que se está investindo numa causa perdida, com ônus emocionais para todos, principalmente para o paciente.
Se é terminal, por que submetê-lo a torturas inúteis?
A UTI fica bem para pacientes que podem estar correndo risco de morte em virtude de acidentes, enfartos, infecção, ou que precisem desse tipo de assistência após uma cirurgia, mas não são terminais.
Diante de um paciente idoso, câncer disseminado, prestes a sofrer uma falência múltipla dos órgãos, o médico conversou com a família:
– Se o internarmos na UTI poderemos mantê-lo vivo por algum tempo, mas em coma induzido, com toda a parafernália que ali é utilizada. O que faremos?
A família, acertadamente, optou por mantê-lo em casa.
Dois dias depois faleceu, amparado pelo carinho e a solicitude de seus entes queridos.
Veja bem leitor amigo: não se trata de abreviar a vida de um paciente, o que seria crime de eutanásia, mas de não segurar artificialmente alguém que está partindo.
Esse procedimento é hoje admitido pela Medicina, caracterizado como ortotanásia,a morte sem dor. Se o paciente é terminal, que lhe proporcionemos o conforto necessário, minorando seus padecimentos com medicação apropriada, mas suspendendo a utilização de recursos que apenas prolongarão seus padecimentos.
É algo para pensar, leitor amigo.
Se concorda comigo, será interessante conversar com familiares sobre o assunto, a fim de que, quando chegar sua vez de bater as botas, seus entes queridos superem o enganoso respeito humano, que impõe medidas desesperadas que delongam a libertação da alma. Assim você poderá retornar ao mundo espiritual de forma elegante, como Einstein.
Ricard Simonetti
Revista Reformador_setembro_2014

quinta-feira, 19 de junho de 2014

RELIGIÕES

Para mim, as diferentes religiões são lindas flores, provenientes do mesmo jardim. Ou são ramos da mesma árvore majestosa. Portanto, são todas verdadeiras.

A frase que você acabou de ler foi dita por uma das mais importantes personalidades do Século XX: o Mahatma Gandhi.

Veja quanta sabedoria nas palavras do homem que liderou a independência da Índia sem jamais recorrer à violência!
Nos tempos atuais, são raros os que realmente têm uma posição como a de Gandhi, que manifestava um profundo respeito pela opção religiosa dos outros.
Muitas pessoas acreditam que sua religião é superior às demais. Acreditam firmemente que somente elas estão salvas, enquanto todos os demais estão condenados.
Pouquíssimas pensam na essência da mensagem que abraçam, já que estão muito preocupadas em converter almas que consideram perdidas.
E, no entanto, Deus é Pai da Humanidade inteira. Todos nós temos a felicidade de trazer, em nossa consciência, o sol da Lei Divina. Ninguém está desamparado.
De onde vem, então, essa atitude preconceituosa, exclusivista, que nos afasta de nossos irmãos?
Vem de nosso pensamento limitado e ainda egoísta. Quase sempre o homem acredita que tem razão.
Imagina que suas opiniões, crenças e opções são as melhores. Você já notou que a maior parte das pessoas acha que tem muito a ensinar aos outros?
É que, em geral, as pessoas quase não se dispõem a ouvir o outro: falam sem parar, dão opiniões sobre tudo, impõem sua opinião.
São almas por vezes muito alegres, expansivas, que adoram brincar. Chamam a atenção pela vivacidade, pelos modos espalhafatosos, pelas risadas contagiantes e pelas conversas em voz alta.
Mas são raras as vezes em que param para escutar o que o outro tem a dizer.
São como crianças um tanto egoístas, para quem o mundo está centrado em si ou na satisfação de seus interesses.
É uma atitude muito semelhante a que temos quando acreditamos que o outro está errado, simplesmente por ser de uma religião diferente. É que não conseguimos parar de pensar em nossas próprias escolhas.
Não estudamos a religião alheia, não nos informamos sobre o que aquela religião ensina, que benefícios traz, quanta consolação espalha.
Se estivéssemos envolvidos pelo sentimento de amor incondicional pelo próximo, seríamos mais complacentes e mais atentos às necessidades do outro.
E então veríamos que, na maioria dos casos, as pessoas estão muito felizes com sua opção religiosa.
A nossa religião é a melhor? Sim, é a melhor. Mas é a melhor para nós.
É óbvio que gostamos de compartilhar o que nos faz bem. Ofertar aos outros a nossa experiência positiva é uma atitude louvável e natural.
Mas esse gesto de generosidade pode se tornar inconveniente quando exageramos.
Uma coisa é ofertar algo com espírito fraternal, visando o bem. Mas diferente quando desejamos impor aos demais a nossa convicção particular.
Se o outro pensa diferente, respeite-o! Ele tem todo o direito de fazer escolhas. Quem de nós lhe conhece a alma? Ou a bagagem espiritual, moral e intelectual que carrega?
Deus nos deu nosso livre-arbítrio e o respeita. Por que não imitá-lo?
Enquanto não soubermos amar profundamente o próximo, respeitando-lhe as escolhas, não teremos a atitude de amor ensinada por todas as religiões e pelos grandes mestres da Humanidade.

Redação do Momento Espírita.
Em 10.6.2014.


terça-feira, 6 de maio de 2014

Os bastidores do Livro dos Espíritos

Na sala principal de uma mansão em Paris, um grupo de senhores elegantes observa em silêncio a garota de 14 anos. Julie Baudin está sentada em frente a uma mesa redonda e segura um estranho objeto – uma cesta com um lápis encaixado na borda, que risca letras em espiral. Cada palavra é analisada atentamente por um dos homens. A garota parece não saber por que os adultos olham para ela tão concentrados – volta e meia ela ri e faz algum comentário engraçado. Suas mãos, porém, desenham no papel frases que em poucos meses irão fundar uma religião: o espiritismo.

Publicado pela primeira vez em 1857, o Livro dos Espíritos foi organizado em cerca de 20 meses pelo professor francês Allan Kardec, que coordenou longas reuniões com médiuns, fazendo perguntas a eles e colhendo respostas que acreditava vir dos espíritos. Dos vários médiuns que contribuíram para o livro, 3 garotas se destacam. Julie e Caroline Baudin, de 15 e 18 anos, e Ruth Japhet, de 20. Organizando as respostas para 501 perguntas sobre o Universo, Kardec criou a doutrina e visão de mundo do espiritismo, fazendo dele muito mais que uma diversão da burguesia parisiense.
Na época, os fenômenos mediúnicos serviam como passatempo nos salões de Paris, que começava a ganhar ares cosmopolitas. A partir de 1850, a cidade passou por uma grande reforma. Ruelas medievais e casebres deram lugar a avenidas largas e bulevares que convergiam no Arco do Triunfo, símbolo da força da modernidade e da nova burguesia francesa. Com novos parques, a cidade se preparava para virar o século como a Cidade das Luzes. Era tempo de revolução industrial e descobertas científicas, que tornavam o homem capaz de explicar e interferir nos fenômenos ao seu redor. Ou em quase todos.
Porque no meio de toda essa modernidade, as mesas girantes eram uma febre que assolava a Paris de 1850. Eram comuns as reuniões em salões culturais ou mansões de senhoras da sociedade, nos quais as pessoas iam para girar mesas apenas com o poder da concentração. “Toda a Europa tem o espírito voltado para uma experiência que consiste em fazer girar uma mesa”, afirmou o jornal L’Illustration do dia 14 de maio de 1853. “Ide por aqui, ide por ali, nos grandes salões, nas mais humildes mansardas, no atelier do pintor – e vereis pessoas gravemente assentadas em torno de uma mesa vazia, que elas contemplam à semelhança daqueles crentes que passam a vida a olhar seus umbigos.” Nas reuniões, havia poetas, intelectuais e nobres. O poeta Victor Hugo era freqüentador assíduo das reuniões e chegou a escrever que “negar a atenção a que tem direito o espiritismo é desviar a atenção da verdade”.
Numa noite de maio de 1855, a reunião das mesas girantes aconteceu na casa de uma senhora chamada Plainemaison. Uma das pessoas que compareceu à reunião foi Hippolyte Léon Denizard Rivail, um professor de ciências de 50 anos. Mais tarde, ele contaria como a visita o deixou impressionado. As mesas, segundo ele, não só giravam como batiam no chão e se moviam “em condições que não deixam margem a qualquer dúvida”. A reunião na casa da sra. Plainemaison deixou Rivail aturdido. “Entrevi naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim investigar a fundo”, escreveria o professor, anos depois.
Começam as sessões
Rivail passou meses observando o fenômeno naquela e em outras casas da cidade, como a dos Boudin, que tinham duas filhas que acreditavam ser médiuns. O mais estarrecedor era que as mesas pareciam não só rodar como também falar. Isso mesmo: pareciam indicar letras com pancadas no chão e, quando interrogadas, moviam-se para a direita ou esquerda, tentando comunicar “sim” ou “não”. “Se as pessoas viam o fenômeno como uma diversão, Rivail ia às reuniões de mesas girantes como um cientista. Fazia perguntas sérias e anotava as respostas que obtinha”, diz o médium e jornalista Jorge Rizzini. Em abril de 1856, 11 meses depois da primeira visita a uma daquelas reuniões, a mensagem da mesa perturbou ainda mais aquele professor de ciências. Um espírito teria escolhido Rivail para reunir e publicar os ensinamentos que ele obtinha nas mesas. Rivail não acreditou e pediu que o espírito repetisse a mensagem. “Confirmo o que foi dito, mas recomendo discrição, se quiser se sair bem. Tomará mais tarde conhecimento de coisas que agora o surpreendem”, foi a mensagem que ele recebeu como resposta.
Assim o trabalho começou. Todas as terças-feiras, Rivail freqüentava a casa da senhora Boudin. Julie, a moça de 14 anos, e sua irmã Caroline, de 16, psicografaram quase todas as questões do Livro dos Espíritos. Como a identidade das duas foi mantida em segredo por muitos anos, sabe-se pouco sobre elas. O que se sabe é que Julie era uma médium passiva, inconsciente do que escrevia. Somente achava divertido as pessoas lhe darem tanta importância. As reuniões, dirigidas pelos pais delas, não eram secretas, mas restritas a poucos convidados. Para escrever as mensagens, Julie e Caroline usavam uma cesta-de-bico, feita de vime, com 15 a 20 centímetros de diâmetro e uma espécie de bico com um lápis na ponta. “Pondo o médium os dedos na borda da cesta, o aparelho todo se agita e o lápis começa a escrever”, contou Kardec em O Livro dos Médiuns. Com o tempo, as garotas passaram a usar a psicografia direta, mesmo método usado mais tarde pelo brasileiro Chico Xavier.
Diante delas, Rivail fazia perguntas que nós, mortais, sempre quisemos fazer a quem passa pela morte e volta para contar. A 4ª pergunta do Livro dos Espíritos, por exemplo, é “Poderíamos dizer que Deus é infinito?” E a resposta: “Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir coisas acima de sua inteligência”. A 150ª é “A alma, após a morte, conserva sua individualidade? Sim, nunca a perde. O que seria ela se não a conservasse?”
As respostas que Caroline e Julie psicografavam eram revistas, analisadas e muitas vezes comparadas a outras mensagens. Na fase de revisão, a médium que mais contribuiu foi Ruth Japhet, uma médium sonâmbula que tinha mais de 50 cadernos com mensagens que psicografava à noite. Para Rivail, a revisão era necessária, primeiro, por causa da dificuldade em se entender o que os espíritos diziam. Segundo, porque, para ele, os espíritos não eram donos de toda a sabedoria do Universo. “Um dos primeiros resultados das minhas observações foi que os espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não tinham nem a soberana sabedoria nem a soberana ciência; que seu saber era limitado ao grau de adiantamento; e que a opinião deles não tinha senão o valor de uma opinião pessoal”, escreveu ele em O Livro dos Médiuns. Por isso, Kardec afirmava que muitas mensagens de entidades eram ignoradas, ou por terem gracejos ofensivos ou por não fazerem sentido. Também por esse motivo, quanto mais médiuns participassem da composição do livro, melhor. Segundo ele, mais de 10 deles contribuíram na 1ª edição da obra.

Quando Rivail acabou de editar as perguntas, surgiu um problema: qual seria o título e quem deveria assinar a obra? Como não se considerava autor, e sim um organizador, deu o nome óbvio: O Livro dos Espíritos. Mas alguém precisava assiná-lo. “Rivail consultou os espíritos e uma entidade deu a ele o nome de Allan Kardec, porque esse tinha sido o nome que ele teve numa vida passada, como um sacerdote druida.” Assim surgiu o nome do pai do espiritismo.
Em 18 de abril de 1857, os primeiros exemplares sairiam da Tipografia de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, cidade vizinha a Paris. O livro rapidamente correu o mundo e criou polêmica, provocando protestos de padres e cientistas céticos, mas atraindo a atenção de outros médiuns, que entraram em contato com Kardec. O pai do espiritismo viu que seu trabalho ainda não estava terminado. Eram tantas novas revelações que ele decidiu revisar mais uma vez e estender o livro. A 2ª edição, definitiva, contém 1 019 perguntas. A última delas é “O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?” Parte da resposta é: “O bem reinará na Terra quando, entre os espíritos que vêm habitá-la, os bons predominarem sobre os maus; então eles farão reinar na Terra o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade”. Estava criado o livro e, com ele, uma nova religião para os homens.

Texto Artur Fonseca